A educação financeira prepara pessoas com conhecimentos e habilidades que as ajudam a tomar decisões informadas sobre suas finanças, apoiando seu bem-estar financeiro, conforme aponta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, o tema foi incluído na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atualizada em 2017.
Segundo relatório elaborado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), as iniciativas de educação financeira no país concentram-se em temas como planejamento financeiro, poupança e mudança de comportamento com o dinheiro.
O estudo também mostra que, em 2024, 29% das iniciativas alcançaram mais de dez mil pessoas, um aumento expressivo frente aos 9,3% observados na última edição, em 2017.
Emerson Doblas, diretor e franqueado da Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico (Febracis) no Rio de Janeiro e especialista em finanças e investimentos, afirma que a educação financeira contribui para organizar as compras de acordo com o orçamento e respeitar limites.
"O conhecimento sobre finanças reduz a impulsividade, incentiva comparações de preços e cria o hábito de pesquisar antes de comprar", conta.
Segundo o franqueado da Febracis, os primeiros passos para iniciar uma boa organização financeira pessoal são mapear receitas e despesas: "É fundamental ter uma visão clara do que se ganha — anotar salário, comissão e renda extra — e de todas as despesas, tanto fixas quanto variáveis. Depois, é importante definir prioridades, como quitar dívidas, poupar e investir".
De acordo com Doblas, o registro detalhado de despesas, seja em planilhas ou aplicativos, traz clareza e facilita a tomada de decisão para cortar ou realocar gastos. "Registrar cada gasto permite visualizar padrões — como gastos excessivos com delivery e transporte —, comparar meses para verificar se houve melhora e identificar desperdícios e oportunidades de economia", acrescenta.
O especialista ressalta que, especialmente em relação ao uso do cartão de crédito, a educação financeira ensina que não se trata de uma renda extra, mas de um meio de pagamento.
"O consumidor consciente entende o custo do crédito rotativo e usa o cartão estrategicamente para benefícios, como prazo e acúmulo de pontos, sem comprometer o orçamento e sabendo que as parcelas precisam caber no salário e o cartão ser um aliado", alerta.
Para o diretor da Febracis, diferenciar gastos essenciais — como moradia, alimentação, transporte, saúde e educação —, de supérfluos — como lazer, moda, tecnologia e desejos momentâneos — ajuda a equilibrar responsabilidades e qualidade de vida.
Inadimplência e medidas de controle
Segundo o relatório mensal da Serasa, o número de inadimplentes no Brasil atingiu 78,2 milhões em julho de 2025, marcando um aumento de 0,37% em relação a junho e uma tendência crescente desde janeiro deste ano.
As dívidas com cartão de crédito lideram entre os segmentos, representando 27,3% do total. O valor médio das dívidas também alcançou R$ 1.570,17, um aumento de 0,20% em comparação ao mês anterior.
Doblas reforça que o planejamento financeiro mensal funciona como um mapa para organizar as finanças pessoais. "Ele permite antecipar despesas, amortizar dívidas e financiamentos, definir limites de gastos e direcionar sobras para reservas ou investimentos. Também ajuda a evitar recorrer a crédito desnecessário", afirma.
Conforme explica o especialista, criar uma reserva de emergência é fundamental para enfrentar situações imprevistas, como doenças, desemprego ou manutenção urgente.
"Recomenda-se acumular de seis a 12 vezes o valor das despesas mensais. Por exemplo, se o custo de vida é R$ 5 mil por mês, a reserva ideal deve ficar entre R$ 30 mil e R$ 60 mil. Isso pode garantir segurança e evitar recorrer a empréstimos caros", conta.
De acordo com o diretor da Febracis, metas como quitar dívidas ou comprar um bem específico dentro de um ano são consideradas de curto prazo, enquanto trocar de carro, viajar ou casar, são metas de médio prazo, e aposentadoria ou aquisição da casa própria, objetivos com mais de cinco anos, são metas de longo prazo. Para ele, a definição dessas metas financeiras impacta diretamente a disciplina e a motivação no uso do dinheiro.
Investimentos são diferentes de dívidas
Equilibrar o pagamento de dívidas e iniciar pequenos investimentos exige a redução de despesas e conquista de renda extra para aumentar a disponibilidade de recursos. Ele destaca que o dinheiro que sobra deve ser usado para quitar dívidas de juros altos, enquanto prazos e taxas podem ser negociados.
"Conforme as obrigações são pagas, é importante não elevar o padrão de vida e destinar parte da renda à amortização de outras dívidas e outra parte a aplicações financeiras líquidas e conservadoras, como Tesouro Selic e CDB com liquidez diária, que permitem criar o hábito de investir regularmente", orienta o franqueado da Febracis.
O especialista alerta que lidar com dinheiro envolve também gerenciar emoções, e que desejos e vontades podem levar a compras desnecessárias, motivadas pelo medo de perder oportunidades. Segundo ele, compras por impulso e decisões precipitadas, influenciadas por carência, vaidade ou receio de exclusão social, comprometem o equilíbrio financeiro.
"É recomendado revisar periodicamente o planejamento, reajustar metas conforme mudanças na vida e manter disciplina e consistência, já que somente a prática contínua transforma hábitos saudáveis em patrimônio real", observa Doblas.
Para mais informações, basta acessar: https://www.instagram.com/emersondoblas/
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