Na tarde de sexta-feira (22), a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Sinop, recebeu a segunda etapa do encontro regional sobre a reforma tributária. O evento foi promovido pela Prefeitura de Sinop, Governo do Estado, Câmara Municipal e Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e contou com a presença de empresários, comerciantes, representantes de entidades financeiras e lideranças da sociedade civil organizada das regiões Norte e Médio-Norte de Mato Grosso.
O encontro deu continuidade às discussões iniciadas no período da manhã com prefeitos e vereadores da região. Desta vez, o foco esteve no impacto direto da reforma para o setor produtivo e no papel das empresas dentro do novo modelo tributário. A proposta do Código Tributário Nacional, em tramitação no Congresso, prevê a unificação de impostos e a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), medida que altera a lógica de arrecadação nos estados.
A secretária municipal de Finanças e Orçamento de Sinop, Ivete Mallmann, destacou que o tema precisa envolver toda a sociedade. “A reforma tributária é um assunto que atinge empresários, gestores públicos e todos que dependem do setor produtivo. O debate teve como objetivo trazer informações técnicas e preparar os municípios para a transição, que começa em 2026. Estamos em um período de adaptação, precisamos compreender os desafios e identificar as mudanças necessárias para que o impacto seja menor”, explicou.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sinop (ACES), Fábio Migliorini, ressaltou a importância da preparação do setor empresarial. “No centro da reforma estão as empresas, responsáveis por apurar e recolher os tributos. A mudança vai alterar completamente a rotina de trabalho, mas também abre oportunidades. É fundamental que os empresários acompanhem de perto, para aproveitar as possibilidades e evitar riscos de penalização por descumprimento da legislação”, afirmou.
A responsável técnica da AMM, Waldna Fraga, alertou para os efeitos da reforma em estados produtores como Mato Grosso. “A mudança é estrutural e terá reflexos por toda a região. A transição será gradual, com prazo de dez anos, mas os municípios precisam se organizar desde já. Segundo a Secretaria de Fazenda, nosso estado está entre os maiores perdedores nesse processo. Por isso, é necessário planejar estratégias para reduzir os prejuízos”, observou.
O deputado estadual Dilmar Dal Bosco reforçou que a mudança no modelo de arrecadação preocupa os gestores. “Em vez de recolhermos o imposto na origem, passaremos a arrecadar no consumo. Mato Grosso é um estado primário, produtor de soja, algodão, milho e etanol, mas consome pouco do que produz. Isso significa perda significativa de receita. A estimativa é de que, a partir de 2026, tenhamos um prejuízo de aproximadamente R$ 1,5 bilhão por ano. Conseguimos garantir a permanência do FETHAB até 2032, mas depois disso a perda será ainda maior”, destacou.
Para o parlamentar, a mudança exigirá novos mecanismos de arrecadação. “Municípios e estado precisarão remodelar sua política tributária, buscar alternativas e criar ferramentas para compensar as perdas. Se não houver preparação, teremos dificuldades para manter serviços básicos como saúde, educação e infraestrutura. Essa discussão é essencial para todos, não apenas para gestores públicos, mas também para empresários, contadores e sociedade civil organizada”, acrescentou.
A expectativa é que outros encontros entre empresários, autoridades públicas e entidades sejam realizados para ampliar o debate sobre o impacto da reforma no setor produtivo.
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