Os sinistros de trânsito envolvendo motocicletas são uma das principais crises de saúde pública e de gestão empresarial no país. Uma reportagem do Fantástico deste ano revelou que, em 71% dos municípios brasileiros, acidentes de trânsito matam mais do que armas de fogo, sendo as motocicletas responsáveis por mais de 60% dessas ocorrências. Em 2024, o SUS registrou gastos de R$257 milhões apenas com ocorrências envolvendo motociclistas, sem contabilizar os custos indiretos para empresas e famílias.
De acordo com Antônio Meira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET), "motociclistas têm 17 vezes mais chances de morrer do que motoristas de automóveis". Essa estatística reflete a vulnerabilidade desse grupo, composto principalmente por trabalhadores que dependem das motos para sustento familiar. Para empresas, os acidentes geram custos médicos, indenizações, perda produtiva e danos reputacionais.
Diante desse cenário, tecnologias educacionais como os simuladores de direção vêm sendo aplicadas em programas de segurança viária, permitindo que condutores treinem situações de risco sem estarem expostos ao perigo real. Um estudo de caso apresentado na Conferência Nacional de Segurança no Trânsito em 2025 revelou que, entre 444 motociclistas participantes, foram registradas 21.773 infrações em ambiente simulado. Essas falhas correspondem a comportamentos potencialmente fatais na vida real.
Segundo Paula Tomborelli, diretora de produtos da ProSimulador, “Os resultados indicam que a adoção de simuladores em programas contínuos pode reduzir em até 40% as mortes de motociclistas por sinistros de trânsito. Isso representaria cerca de 4.800 vidas poupadas por ano no Brasil”.
Claudia de Moraes, CEO da Younder, explica: “Os simuladores são ainda mais eficazes quando integrados a programas estruturados de segurança. Em iniciativas em andamento, os condutores realizam checklists diários de segurança, participam de treinamentos teóricos e práticos regulares e são monitorados via telemetria. Essa combinação permite identificar padrões de risco, corrigir falhas e estimular uma mudança cultural de comportamento no trânsito”.
Num outro estudo de caso apresentado na Conferência Nacional de Segurança no Trânsito de 2025, uma empresa com três mil motociclistas em operação aplicou por dois anos um programa abrangente de segurança viária que inclui simuladores de direção e o uso de um aplicativo especializado, e obteve uma redução de aproximadamente 30% nos incidentes relacionados ao uso indevido do celular. Além disso, relatos qualitativos apontaram maior respeito às normas de trânsito e redução de velocidades médias.
Esses resultados mostram como tecnologias educativas podem reduzir custos com manutenção e sinistros, ao mesmo tempo em que reforçam a conformidade regulatória e a sustentabilidade operacional. O alinhamento dessas iniciativas às metas do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU evidencia que os ganhos extrapolam o ambiente corporativo, alcançando benefícios sociais de grande escala.
De acordo com Claudia de Moraes, “iniciativas que combinam simulação imersiva, capacitação continuada e monitoramento de desempenho não apenas reduzem acidentes, mas contribuem para uma transformação cultural da segurança viária”. Essa convergência entre tecnologia, gestão e educação evidencia o potencial dos simuladores para mudar de forma estrutural o cenário de risco envolvendo motociclistas no Brasil.
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