O avanço da Inteligência Artificial (IA) na medicina tem alcançado diferentes especialidades, e a oftalmologia é uma das áreas que mais tem incorporado soluções tecnológicas em seus procedimentos. Um dos exemplos mais recentes é o desenvolvimento da primeira lente intraocular espiral do mundo, criada com o auxílio de algoritmos de IA. O projeto foi realizado em parceria com o médico brasileiro João Marcelo Lyra e resultou na lente RayOne Galaxy, fabricada pela empresa britânica Rayner e já está disponível no Brasil.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados pelo Ministério da Saúde, apontam que cerca de 285 milhões de pessoas no mundo têm algum grau de deficiência visual. No Brasil, o último Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010 identificou mais de 35 milhões de pessoas com dificuldade para enxergar. Nesse cenário, soluções que ampliam o acesso a tratamentos eficazes e personalizados têm ganhado relevância.
De acordo com o oftalmologista Dr. Guy Romaguera Canto, a lente Galaxy é um implante intraocular de última geração, desenvolvido a partir da análise de milhões de simulações visuais e padrões de visão humana.
Os algoritmos utilizados, segundo ele, permitiram a criação de um desenho óptico que oferece foco contínuo em diferentes distâncias, o que representa uma mudança significativa em relação às lentes tradicionais. "A grande diferença está na redução dos efeitos colaterais, como halos e reflexos noturnos, e na capacidade de proporcionar uma visão mais natural e nítida", explica.
Enquanto as lentes trifocais convencionais operam com pontos de foco fixos, a Galaxy simula o funcionamento do olho humano, o que contribui para uma experiência visual mais próxima da realidade.
"O principal benefício para os pacientes é a independência quase total dos óculos, tanto para visão de longe quanto para perto e distâncias intermediárias, como o uso de computadores ou celulares. Além disso, a lente oferece estabilidade visual em diferentes condições de luminosidade, o que pode ser útil em atividades como dirigir à noite", destaca.
Já a aplicação da IA não se limita apenas ao desenvolvimento da lente. Segundo o médico, softwares baseados nesta tecnologia também são utilizados no planejamento personalizado das cirurgias, considerando características específicas de cada olho, como curvatura da córnea e tamanho da pupila. "A tecnologia está presente desde a concepção da lente até o momento em que ela é implantada, tornando o procedimento cada vez mais preciso e seguro", afirma.
Canto ressalta que o implante pode ser indicado tanto para pacientes com catarata quanto para aqueles que desejam apenas corrigir erros refrativos, como miopia, hipermetropia ou presbiopia. "No caso da catarata, a substituição do cristalino opaco por uma lente de última geração representa uma evolução no tratamento. Já para quem não apresenta a condição, a Galaxy surge como uma alternativa cirúrgica para quem busca se libertar do uso de óculos".
Em relação aos riscos, o especialista explica que eles são semelhantes aos das lentes intraoculares já consolidadas, como inflamação ou infecção, que são raros e controláveis com técnica adequada.
"A principal diferença está na seleção criteriosa do paciente, que exige exames detalhados da córnea, retina e pupila para garantir o resultado ideal. Quando bem indicada, a segurança é equivalente às lentes tradicionais, mas com benefícios superiores", pontua.
A chegada da lente Galaxy ao Brasil aproxima ainda mais a oftalmologia da chamada medicina de precisão. "Cada paciente passa a contar com uma solução visual sob medida, baseada em dados científicos e inteligência artificial", reforça Canto. Para o médico, essa integração representa uma tendência irreversível. "Ela já está nos auxiliando em diagnósticos, no planejamento cirúrgico e agora também na criação de tecnologias como a lente Galaxy", completa.
No futuro, segundo o especialista, a oftalmologia deverá incluir sistemas que ajustam parâmetros em tempo real durante as cirurgias, aumentam a precisão dos procedimentos e antecipam possíveis complicações, gerando mais segurança, melhores resultados visuais e uma abordagem cada vez mais personalizada.
"Estamos vivendo um momento histórico em que ciência, tecnologia e inteligência artificial se unem para transformar a forma como as pessoas literalmente enxergam", conclui.
Para saber mais, basta acessar: http://www.guycanto.com.br
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