
O avanço das mudanças climáticas está modificando a disseminação da dengue no Brasil. A combinação de temperaturas mais elevadas, períodos prolongados de calor e chuvas irregulares tem criado um cenário cada vez mais favorável à reprodução e sobrevivência do mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus. Como consequência, a doença vem se espalhando para regiões que, até pouco tempo, registravam poucos ou nenhum caso.
De acordo com as projeções do AdaptaBrasil, plataforma do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o número de municípios brasileiros com alto risco potencial de ocorrência de dengue pode aumentar em 51% até 2050. Esse aumento expressivo está diretamente relacionado às alterações no regime climático, especialmente à elevação da temperatura média e à intensificação de eventos extremos, como ondas de calor e períodos de estiagem seguidos de chuvas intensas.
Já levantamento da Fiocruz mostra que a elevação da temperatura média e os períodos prolongados de calor estão diretamente associados à expansão geográfica da doença, incluindo localidades com altitudes maiores e clima antes considerado ameno, como partes do Sul e do Centro-Oeste do país. Nessas localidades, o mosquito encontra condições cada vez mais propícias para se reproduzir, ampliando significativamente o alcance da doença.
Para Cláudio Ribeiro, CEO da Aero Engenharia, compreender a influência do clima na dinâmica do mosquito é essencial para orientar estratégias de controle. "As mudanças no regime climático alteram o território onde o Aedes aegypti encontra condições de sobrevivência. Monitorar essas variáveis é fundamental para que gestores públicos antecipem ações e evitem o agravamento de surtos", explica.
Com base nessa análise, novas ferramentas vêm sendo desenvolvidas para apoiar o monitoramento e combate à dengue. O Techdengue, desenvolvido pela Aero Engenharia, é um exemplo de programa que alia tecnologia, dados e inteligência artificial para aprimorar o enfrentamento à doença. A iniciativa integra informações climáticas, ambientais e epidemiológicas em tempo real, permitindo identificar padrões de comportamento do Aedes aegypti e antecipar surtos com maior precisão.
Por meio de modelos preditivos e análises geoespaciais, o programa aponta regiões mais vulneráveis e apoia a tomada de decisão de gestores públicos na definição de ações preventivas e no direcionamento de recursos. "Com isso, o programa contribui para transformar o monitoramento da dengue em um processo mais inteligente, ágil e eficaz diante das novas dinâmicas impostas pelas mudanças climáticas, reduzindo o impacto da doença nas comunidades", afirma Ribeiro.
Ainda segundo o CEO, a adaptação das políticas de saúde pública às mudanças do clima é um dos principais desafios para as próximas décadas. Além do controle vetorial tradicional, ações integradas que considerem saneamento, drenagem urbana, educação ambiental e gestão de resíduos serão determinantes para conter o avanço da dengue em um contexto de crescente instabilidade climática. "A integração entre ciência, tecnologia e gestão pública será decisiva para conter o avanço da doença e proteger a população diante de um clima cada vez mais instável", completa.
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