Terça, 21 de Outubro de 2025
21°

Tempo nublado

Colíder, MT

Colíder UHE DE COLÍDER

Eletrobras instala sirenes fixas perto da Usina de Colíder (MT) para reforçar segurança após risco de rompimento

Ação faz parte de uma série de medidas que estão sendo tomadas para garantir a manutenção da barragem. Em agosto, o Ministério Público denunciou a empresa por danos ao meio ambiente. Companhia informou que plano está previsto desde que assumiu a usina, em maio deste ano.

21/10/2025 às 20h38
Por: Redação Fonte: G1/MT
Compartilhe:
MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel
MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel

A Eletrobras começou a instalar na sexta-feira (17) um sistema de sirenes fixas na região da Usina Hidrelétrica de Colíder, em Itaúba, a 599 km de Cuiabá. A medida ocorre após mais de 60 dias desde a denúncia do Ministério Público sobre danos ambientais e possível risco de rompimento da barragem.

O MP ainda destacou que a instalação das sirenes, neste momento, é "uma resposta tardia à ação de tutela de urgência cautelar" e "não representa um avanço espontâneo em segurança de barragens".

A usina está sob nível de "alerta" desde agosto deste ano em razão de inúmeras falhas estruturais no sistema de drenagem que podem levar a um risco de ruptura da barragem, conforme investigação do MP.

Em nota, a Eletrobras informou que, desde que adquiriu a usina em maio deste ano, tem "trabalhado de forma comprometida, priorizando a segurança das pessoas, do meio ambiente e do empreendimento, e cumprindo todas as normas aplicáveis."

Segundo o MP, o Plano de Ação de Emergência (PAE), revisado em julho de 2024, previa apenas sirenes móveis acopladas a veículos. Essa solução, conforme o MP, seria precária e incompatível com a urgência exigida em situação de emergência.

A Eletrobras disse que, na segunda-feira (9), finalizou a fase de diagnóstico técnico na usina e que contratou empresas e especialistas que realizaram testes com diferentes equipamentos.

"Durante esse período, o reservatório permanece sem previsão de novos rebaixamentos. A usina segue estável e em operação, seguindo padrões de segurança e sob acompanhamento dos órgãos de controle e fiscalização", disse, em nota.

Na segunda-feira (6), o morador Valdecir da Silva mostrou que o Porto Santo Expedito está completamente seco após o rebaixamento do nível do reservatório da usina.

Ele disse que não tem mais água no porto e não há nenhum barco porque os pescadores respeitam o período de piracema, que já está em vigor no estado.

"As balsas estão todas sem acesso ao rio. Não tem mais água. Isso fazia tudo parte do alagado. O pessoal descia o barco e seguia Teles Pires adentro", afirmou.

Em fato relevante divulgado ao mercado financeiro, a Eletrobras informou que de 70 drenos que integram o sistema da usina, quatro sofreram danos desde a compra do ativo. Os drenos são estruturas que permitem que a pressão da água sob a barragem seja escoada de maneira adequada.

Mortandade de peixes registrada após rebaixamento de nível — Foto: MPMT

 

Com isso, a usina reduziu o nível do reservatório para verificar as falhas nos drenos e aliviar a pressão sobre a estrutura. Contudo, essa medida gerou danos ambientais, como a morte de 1.500 peixes, alteração da qualidade da água, comprometimento da biodiversidade aquática e semiaquática, e prejuízos à fauna migratória.

O rebaixamento do reservatório comprometeu a atividade pesqueira, o turismo regional e o comércio local, segundo o MPMT, que citou um impacto no setor entre R$ 10 e R$ 12 milhões por ano. A medida também afetou eventos culturais tradicionais, como o “Fest Praia” e o “Viva Floresta”, além de dificultar o acesso das comunidades ribeirinhas ao rio, prejudicando seu modo de vida.

Na ação, o Ministério Público ainda pediu a revisão da licença ambiental pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

No documento também foi pedido a atualização dos planos de emergência e contingência, a criação de canais de comunicação com a população, a implementação de sistemas sonoros fixos de alerta e a cobrança antecipada de R$ 200 milhões para assegurar a reparação dos danos já constatados e daqueles que ainda possam surgir.

A Usina

Localizada no Rio Teles Pires, a usina tem potência de 300 megawhatts e reservatório de 168,2 km² de área total e 94 km de comprimento.

Em operação desde 2019, ela abrange os municípios de Cláudia, Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte.

No estado, há 142 usinas hidrelétricas em operação, entre pequenas, médias e grandes; e suas barragens.

MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel

 

Troca de ativos

Responsável pela construção da Usina de Colíder entre 2011 e 2019, a Copel Geração e Transmissão transferiu a gestão para a Eletrobras, em maio deste ano.

Na ocasião, a Copel deu como contrapartida a usina e um pagamento de R$ 196,6 milhões após ajustes previstos no contrato, como o recebimento de dividendos de Mata de Santa Genebra Transmissão (MSG).

Já a Eletrobras, na troca de ativos, cedeu a MSG e a Usina de Mauá. Conforme mostra a imagem abaixo.

Contudo, a Usina de Colíder representa 0,5% do ativo total da Eletrobras, segundo comunicado ao mercado financeiro.

Documento mostra troca de ativos entre Copel e Eletrobras — Foto: Fato relevante

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários